Jovens preferem aulas em alguns dias da semana, com atividades práticas, e manutenção do ensino remoto nos demais. Segundo diretor da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior, ‘esse pode ser o nascimento de um novo modelo de educação’.
Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), divulgado nesta terça-feira (10), revela que a maioria dos universitários, apesar da pandemia de Covid-19, prefere voltar às atividades presenciais priorizando as aulas práticas. De acordo com a pesquisa, realizada entre 28 de julho e 4 de agosto, 55% dos entrevistados defendem o retorno gradual e híbrido, com aulas presenciais em alguns dias da semana e a manutenção do ensino remoto nos demais.
Entre os jovens que preferem o ensino híbrido, 52% afirmaram que a prioridade nas atividades em sala deve ser as aulas práticas. Já 38% dos entrevistados responderam que todas as disciplinas deveriam migrar para o ensino híbrido.
Segundo o diretor presidente da Abmes, Celso Niskier, “esse pode ser o nascimento de um novo modelo de educação”.
“A maioria dos estudantes entrevistados deseja manter os benefícios das aulas remotas na volta gradual às atividades presenciais. Estamos assistindo o nascimento de um modelo mais flexível de educação, mediado por tecnologia”, diz Niskier.
Considerando os entrevistados que já foram vacinados contra o novo coronavírus, pelo menos com a primeira dose, 43% disseram preferir que todas as aulas sejam escalonadas. Outros 47% apontaram que apenas as aulas práticas devem fazer parte do cronograma.
No grupo que ainda não foi imunizado, esses percentuais são de 34% e 56%, respectivamente.
Matrículas para o 2º semestre de 2021
Entre os estudantes entrevistados, 84% responderam que vão renovar a matrícula para o segundo semestre de 2021. Outros 15%, disseram ter interesse em continuar os estudos, mas não têm certeza se farão a matrícula.
Já 1% dos estudantes declarou que não vai renovar a matrícula. Metade deste grupo referiu a perda de renda como motivo principal para a desistência.
Segundo a pesquisa, 37% dos entrevistados tiveram o emprego diretamente impactado pela pandemia. Outros 13% afirmaram que os responsáveis financeiros não conseguirão manter o pagamento da instituição de ensino em dia.
Outros motivos citados para a desistência são:
- Medo de contaminação (23%)
- Queda na qualidade do ensino na migração das aulas presenciais para remotas (19%)
- Falta de adaptação aos protocolos sanitários (8%)
Benefícios e vacinação
Conforme a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior, as instituições têm oferecido soluções para que os alunos continuem os cursos de graduação. Segundo o levantamento, 76% dos estudantes receberam algum benefício para rematrícula, como:
- Desconto por antecipação da semestralidade (49%)
- Financiamento ou parcelamento (18%)
- Seguro educacional (6%)
- Curso livre ou de curta duração (3%)
Conforme Celso Niskier, as instituições estão tentando mitigar os efeitos da crise econômica.
“As instituições flexibilizaram seus pagamentos e ofereceram descontos para reter os estudantes. Esse movimento deverá continuar até 2022, como forma de mitigar os efeitos danosos da crise econômica decorrente da pandemia”, diz o presidente da Abmes.
Instituições privadas de ensino superior
Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2019, divulgados em outubro de 2020 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), o segmento privado é responsável por 94,9% da oferta de educação superior do país, considerando as modalidades presencial e EAD.
Quanto às matrículas, as instituições privadas representaram 75,8% em 2019. Destas, 35% na modalidade a distância (EAD) e 65%, na presencial.
Conforme o diretor executivo da Abmes, Solón Caldas, “é necessário dar condições aos estudantes desfavorecidos, financeiramente, para que também tenham acesso ao ensino superior”.
Fonte: G1 Educação